O presidente Michel Temer sentiu fisicamente o estresse provocado pela extensa rotina de negociações com os deputados para vetar na Câmara a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele, e deu entrada no Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB), no Setor Militar Urbano, por problemas de obstrução urológica. Sem complicações mais graves, o peemedebista teve alta ainda ontem, às 20h10. Saiu caminhando, de cabeça em pé, ao lado da primeira-dama, Marcela Temer, assegurando estar bem. “Estou inteiro”, disse, acenando.
A complicação de saúde do presidente pegou todos de surpresa. Temer chegou às 8h50 no Palácio do Planalto. A previsão era de que, ao longo do dia, continuasse recebendo um grande número de deputados para discutir termos e apoio em torno da rejeição da denúncia. Aliados avaliam que a forma como saiu do hospital é um recado, em especial à oposição, de que permanecerá no poder, com saúde, para manter a governabilidade.
Com sinal de demonstração de que Temer está recuperado, a assessoria de imprensa do Planalto abriu o acesso a um pátio do hospital para que o presidente pudesse ser fotografado e filmado no momento em que se dirigia ao carro oficial que buscou ele e Marcela.
Rotina
Entre as 9h e as 11h30, Temer recebeu cinco deputados federais, incluindo o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, que acabou exonerado do cargo para participar da votação na Câmara. O peemedebista ainda se reuniu como os também ministros denunciados Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Eliseu Padilha, da Casa Civil.
Temer passou mal no fim da manhã, quando recebia o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen. O médico de plantão do Planalto foi chamado e constatou uma obstrução urológica. O profissional recomendou ao presidente que realizasse exames e tratamento adequado no HMAB, onde chegou às 12h50.
No centro médico do Exército, Temer passou por uma sondagem vesical de alívio por vídeo, entre as 15h e as 17h. A equipe médica introduziu um cateter pela uretra para drenar a urina acumulada na bexiga. O procedimento ocorreu sem imprevistos. Por volta das 17h20, ele já estava no quarto, repousando, acompanhado de Marcela. Recebeu alta às 20h.
(Foto: reprodução/Presidente Michel Temer)
Saiba mais sobre a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB).
Entenda o procedimento médico ao qual o presidente Michel Temer precisou ser submetido. Em comunicado oficial, o Planalto disse que o peemedebista teve uma “obstrução urológica”. Em termos mais técnicos, ele sofreu uma Hiperplasia Prostática Benigna (HPB).
O que é a HPB?
Ela é caracterizada pelo aumento da próstata. A glândula masculina começa a crescer a partir da puberdade nos homens, e continua se desenvolvendo na fase adulta. Até 90% das pessoas do sexo masculino apresentam sintomas após os 85 anos. Temer tem 77.
Quais são os sintomas mais frequentes?
Micção frequente: o homem sente vontade de urinar com frequência. Com a próstata pressionando a uretra, canal por onde a urina é conduzida para fora do corpo, os músculos da bexiga acabam trabalhando mais para liberar o líquido.
Dificuldade ou incapacidade para urinar: a pressão da próstata sobre a uretra, somando ao trabalho forçado dos músculos da bexiga para expelir a urina, pode comprometer o início da micção e o fluxo despejado. Em níveis mais sérios, por resultado de infecções em todo esse processo, o sintoma pode deixar o homem incapacitado de urinar.
Quais os sintomas de Temer?
Aliados do presidente afirmam que ele teve dificuldades para urinar. Preocupado, procurou o departamento médico do Palácio do Planalto, que recomendou que ele fosse a um hospital.
A qual procedimento o presidente foi submetido?
No hospital do Exército, Temer fez uma sondagem vesical de alívio por vídeo. Os médicos inseriram uma sonda na uretra dele para que a bexiga pudesse ser esvaziada.
Os riscos pela idade.
Aos 77 anos, o presidente Michel Temer inspira ainda mais cuidados para o problema apresentado. Em termos mais técnicos, a obstrução urológica é uma Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), que se origina pelo aumento da próstata. O crescimento da glândula em homens que apresentam o quadro de HPB provoca uma obstrução da uretra, por onde sai a urina. Como a bexiga não deixa de trabalhar, a dificuldade em urinar obriga os músculos do órgão armazenador a atuarem ainda mais, provocando dificuldades e até a incapacidade de ejetar o líquido.
Como a próstata aumenta conforme a idade, é importante que Temer faça uma cirurgia de desobstrução da próstata, recomenda o urologista Fernando Leão. “O paciente, quando entra em retenção, em 99% dos casos, já se encontra em um quadro que impõe a necessidade de uma cirurgia” disse. Dada a faixa etária e o aumento da próstata, o procedimento será importante para diminuir a glândula e permitir que a urina volte a fluir naturalmente e com menos resistência.
Cirurgia a laser
As opções _ caso Temer opte por postergar a cirurgia – não são boas. Dr. Fernando Leão adverte que se corre o risco de ter infecção e complicações mais graves, que podem levar até mesmo à morte. “O HPB não provoca câncer, mas pode matar. Uma infecção urinária, por exemplo, pode evoluir para uma infecção generalizada. Ou também pode ocorrer um quadro de insuficiência renal aguda, havendo então, a necessidade de uma hemodiálise”, justificou.
O urologista Fernando Leão recomenda que Temer realize uma cirurgia a laser, que tem taxas menores de morbidade entre pacientes e precisa de um tempo de recuperação menor. “O ideal é que o presidente da República trate o quanto antes. Feita a cirurgia, em quatro ou cinco dias, ele já consegue retomar a administração da agenda presidencial”, sugeriu. (RC)
Fontes: Instituto Oncoguia e Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto.