Estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer) apontam que, para cada ano do triênio de 2023 até 2025, serão contabilizados 11.370 novos casos de câncer de bexiga no Brasil, sendo 7.870 em homens e 3.500 em mulheres. Quando não consideramos os tumores de pele não melanoma, a doença ocupa a 12ª posição entre os tipos de câncer mais recorrentes no país. Durante este mês, com o objetivo de conscientizar a população a respeito do câncer de bexiga, é realizada a campanha Julho Roxo.
A seguir, o Dr. Fernando Leão, urologista e cirurgião robótico do Hospital Albert Einstein, esclarece as principais dúvidas sobre o câncer de bexiga, destacando a importância do diagnóstico precoce para a cura. Confira:
Segundo o médico, o câncer de bexiga é uma doença maligna que ocorre devido à uma alteração na camada de revestimento do órgão, conhecida como urotélio. Ele pode ser classificado em diferentes tipos: carcinoma de células de transição, carcinoma de células escamosas e adenocarcinoma.
Seus sintomas mais comuns são: presença de sangue na urina (hematúria) e desconforto ao urinar. No entanto, quando em estágio mais avançado, pode provocar dores na lombar, perda de peso, dores ósseas e até mesmo retenção urinária.
O Dr. Fernando lembra que nem todo sangue na urina é indicativo de câncer de bexiga. Por isso, ao apresentar qualquer sintoma, é de extrema importância procurar um profissional para que a causa seja identificada e tratada corretamente.
FATORES DE RISCO
O principal fator de risco para a doença é o tabagismo, elevando em até três vezes as chances de uma pessoa desenvolvê-la.
Além disso, pacientes que fizeram radioterapia para tratamento de câncer de útero, próstata ou intestino também têm uma maior probabilidade de sofrerem com o problema, assim como os que trabalham com produtos químicos industriais.
“Funcionários de indústrias de tintas e solventes, se não utilizarem os equipamentos de proteção, com o passar dos anos, acabam apresentando um risco mais aumentado, devido ao contato com substâncias tóxicas”, explica o urologista.
Vale ressaltar que não se hidratar o suficiente também favorece a ocorrência do câncer de bexiga e que homens brancos e de idade avançada são os mais acometidos.
Sendo assim, para prevenir a doença, hábitos saudáveis devem ser adotados, entre eles: não fumar, ingerir a quantidade recomendada de água, praticar atividades físicas regularmente e manter uma dieta equilibrada.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico se dá por meio de exames laboratoriais e de imagem, como urina, ultrassom, ressonância e endoscopia da bexiga (cistoscopia). “A cistoscopia permite ver a lesão e fazer uma raspagem nela. Esse material é encaminhado para o estudo de patologia e, através dele, obtemos a confirmação do tipo da doença”, detalha ele.
“Quando você detecta rapidamente uma condição de saúde grave como um câncer, há uma maior chance de cura”, alerta.
TRATAMENTO
O tratamento é determinado de acordo com o momento do diagnóstico, o tipo do tumor e a classificação local dele. Quando está apenas no tecido da bexiga, o câncer é considerado superficial. Já nos casos em que há comprometimento da parede muscular, órgãos próximos ou gânglios linfáticos, se torna invasivo.
Para combater o problema, procedimentos cirúrgicos podem ser indicados, como a ressecção transuretral, que consiste na retirada de todo o tumor através a uretra, e a cistotectomia, técnica na qual o médico realiza a remoção parcial ou total da bexiga.
A radioterapia também costuma fazer parte do tratamento, assim como a quimioterapia e a imunoterapia, sendo que as duas últimas podem ser administradas via oral, intravenosa ou intravesical (diretamente na bexiga através da uretra).