Posicionado em quarto lugar nos homens e o oitavo lugar na mulher, o câncer de bexiga é o segundo tipo de câncer mais constante do trato do urinário. Esse tipo de câncer está presente com uma frequência maior na raça branca, estando entre as principais causas de morte por neoplasia maligna nos Estados Unidos, com casuística próxima a 10.000 mortes por ano. A incidência é mais elevada após os 60 anos de idade.
O tabagismo é o fator de risco mais importante e geralmente está presente em cerca de 35% a 50% dos pacientes com câncer de bexiga. Segundo o médico urologista Dr. Fernando Franco Leão, o cigarro potencializa em duas a quatro vezes o risco de desenvolver câncer de bexiga. Alguns medicamentos, como anti-inflamatórios, infecções urinárias de repetição, uso crônico de cateter vesical, tratamentos com radioterapia pélvica e quimioterapia para câncer em outras partes do organismo, contato com o arsênio ou outros metais pesados, também são exemplos de fatores de risco para o câncer de bexiga.
Tabaco x Câncer na Bexiga
Depois que a fumaça entra pela boca junto com suas cerca de 70 substâncias carcinogênicas, ela é absorvida pelos pulmões. Em seguida, cai na circulação sanguínea. Como o sangue é filtrado pelos rins, os compostos químicos acabam indo para a urina e, já que o líquido fica estocado na bexiga até ser eliminado pelo corpo, suas paredes permanecem em contato com esses elementos por bastante tempo, favorecendo a doença.
“Mas, é importante que seja esclarecido que a ocorrência desse tipo de tumor, que é duas vezes mais comum em pessoas da raça branca do que da negra, tem causa qualitativa e não quantitativa, ou seja, não é relevante apenas o hábito em si ou o número de cigarros, mas o indivíduo precisa ter uma predisposição para desenvolver a doença”, diz o urologista do Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo e em Goiânia.
De acordo com estatísticas do Instituto do Câncer (INCA) para 2020, o câncer de bexiga respondeu por 10.640 no ano, sendo 7590 homens e 3050 mulheres, resultando em 4517 mortes.
Procurar um médico diante de qualquer suspeita em relação ao seu aparecimento é muito importante. “Seu principal sintoma é urina com sangue, podendo ter dor lombar ou em abdômen inferior, inchaço em pernas ou irritação na bexiga”, conta Leão. Infelizmente, por conta da pandemia isso não tem acontecido dessa forma. “Temos visto muitos pacientes chegando às consultas com quadros mais evoluídos e graves decorrentes da demora da procura ao Urologista ou por interrupção do tratamento antes do término previsto”, conta o especialista.
O diagnóstico da doença é realizado por exames de laboratório, de imagem (tomografia computadorizada ou ressonância magnética) e cistoscopia com biópsia da lesão vesical. O tratamento vai depender do estágio da doença e das condições clínicas do paciente, podendo ser realizados imunoterapia vesical, quimioterapia, radioterapia e cirurgia. A cirurgia pode ser por via endoscópica para a retirada do tumor pela uretra, ou a retirada parcial da bexiga ou a retirada total do órgão. Essas duas últimas podem ser realizadas de maneira aberta, laparoscópica ou robótica.