O urologista Dr. Fernando Leão (Especialista em Cirurgia Robótica) fala dos avanços do serviço da especialidade, faz projeções otimistas para o futuro com os avanços da urologia, e dá dicas de como se prevenir de doenças urológicas.
Como prevenir as doenças urológicas?
Fernando – As doenças urológicas devem ser prevenidas da mesma forma que quaisquer outras doenças, atentando-se para a dieta e estilo de vida. Mais especificamente, deve-se atentar para uma boa hidratação diária (pelo menos dois litros de água ao dia), redução da ingestão de sal, redução do consumo de proteína animal (carne vermelha), prática de exercício físico, controle do peso corporal, evitar os vícios (tabagismo e etilismo), dieta pobre em gordura animal, redução do consumo de refrigerantes e alimentos enlatados/embutidos. E os homens acima dos 45 anos de idade devem realizar os preventivos da próstata anualmente.
A insuficiência renal muitas vezes progride sem apresentar sintomas. Quando se deve procurar um urologista?
Fernando – A insuficiência renal aguda em seu estágio inicial costuma ser uma situação silenciosa e devemos estar atentos para pessoas que têm antecedentes familiares de doenças renais e doenças predisponentes, como hipertensão arterial e diabetes. A título de avaliação inicial todos que se encaixam nas situações aqui citadas devem procurar um urologista já na adolescência.
Assim como a pílula anticoncepcional nos anos 1960, os medicamentos para disfunção erétil promoveram revolução na medicina e no comportamento social?
Fernando – A chegada ao Brasil, no fim da década de 90, do medicamento oral para tratamento da DE (Disfunção Erétil), a Sildenafila, trouxe uma evolução no tratamento da mesma. Antes, os tratamentos que dispúnhamos eram baseados em injeções peniana de medicamentos, ou procedimentos cirúrgicos com implante de prótese peniana. O tratamento oral promoveu uma revolução no comportamento sexual masculino resgatando, de maneira mais simples e acessível, a autoestima e os relacionamentos amorosos. Houve um retorno à normalidade das relações conjugais, até então esmorecidas pela presença da DE masculina. Com certeza, podemos afirmar que esses medicamentos inauguraram uma nova etapa na abordagem terapêutica da DE masculina na Urologia mundial.
A eficácia no tratamento da Aids causou a sensação de o que pior passou. O Brasil de fato cuida bem do problema das doenças sexualmente transmissíveis?
Fernando – Infelizmente o que vemos atualmente é um aumento no número de novos infectados pelo vírus da AIDS, o que também ocorre com as outras DST’s. Isso acontece principalmente pela extrema liberdade sexual atual, e por essa geração de jovens não ter vivenciado a epidemia e mortalidade extrema da AIDS que foi há mais ou menos 30 anos atrás. Os jovens de hoje raramente veem alguém morrer pelas complicações da AIDS, e isso promove um certo sentimento de blindagem em relação ao vírus. E a política de saúde pública é extremamente falha no sentido de orientação à população para prevenção das DST’s, principalmente a AIDS.
Para aonde evolui a ciência médica no tratamento do câncer urológico, especialmente de próstata?
Fernando – Hoje a medicina procura exaustivamente uma maneira mais eficaz de tratar os tumores malignos. Essa busca hoje concentra-se na abordagem preventiva da doença, ou seja, no desenvolvimento de um método de busca dentro do código genético de cada pessoa para doenças tumorais (neoplasias), que poderá ser feito através de uma simples coleta de sangue. E através da detecção laboratorial de uma pré-programação genética para um determinado tipo de tumor, isso será corrigido com uma “vacina”, evitando-se, dessa forma, o aparecimento da doença e da necessidade de tratamentos (cirurgias mutilantes, quimioterapia, radioterapia) e de suas complicações. Claro que isso ainda vai demandar tempo para estar em prática e acessível a todos. Isso vale para todos os tipos de tumores malignos, inclusive os urológicos.
A Sociedade Brasileira de Urologia tem se empenhado em estabelecer padrão de qualidade para produtos e serviços do setor. Qual o nível e o que precisa melhorar na urologia feita no Brasil?
Fernando – A SBU há muito tempo vem lutando pelo aprimoramento técnico-científico e valorização dos urologistas brasileiros. São várias frentes de investimentos e incentivos, que tentam estimular e facilitar o acesso às informações e tecnologias existentes na urologia mundial. A SBU é uma das poucas sociedades de especialidades médicas brasileiras que é extremamente ativa, e com isso consegue manter um nível de união entre os urologistas extremamente alto, facilitando a troca de experiências e de informações entre todos. A SBU tem campanhas nacionais de informações direcionadas à população em geral, não só para os homens, mas para as mulheres também, como exemplo a uroginecologia. Como a urologia evoluiu bastante com as cirurgias minimamente invasivas (Endourologia, Videocirurgias e Laser), isso trouxe um custo de aquisição e operacional muito elevado para a maioria da realidade dos urologistas brasileiros, fazendo com que o acesso e a utilização a esse arsenal moderno fique quase que restrito aos grandes centros brasileiros.