Urologia & Cirurgia Robótica / CRMGO 9517 / CRMSP 88743 / RQE 4410

Câncer de Bexiga

Representa cerca de 3% de todos
os tumores diagnosticados.

O que é o Câncer de Bexiga?

A bexiga é um órgão do aparelho urinário que tem como função principal o armazenamento de urina, produzida pelos rins, até que ela possa ser eliminada. A urina é produzida pelos rins, segue por tubos finos chamados de ureter até chegar a bexiga e é eliminada pela contração do músculo da bexiga para o meio externo através da uretra.

A parede da bexiga é constituída por várias camadas, sendo a mais superficial um epitélio específico do aparelho urinário, denominado epitélio de transição ou urotélio. Esta camada apresenta uma renovação celular elevada e estas células, muitas vezes, sofrem uma transformação, causando um crescimento desordenado das células da bexiga. E com esse crescimento desordenado, as células tendem a formar tumores e dessa maneira podem até invadir órgãos vizinhos.

O câncer de bexiga é a segunda causa de morte por neoplasia urológica, sendo a quarta causa de morte oncológica mais prevalente nos homens.

Representa cerca de 3% de todos os tumores diagnosticados, isto é, cerca de de 50 a 150 casos por 100 mil pessoas ao ano. Ocorre de 3 a 5 vezes mais frequentemente em homens, sendo mais comum após os 50 anos de idade.

Fatores de risco do Câncer de Bexiga

Os especialistas ainda não conseguiram decifrar o que leva uma pessoa a desenvolver o câncer de bexiga. Entretanto, há alguns fatores de risco que podem contribuir e até facilitar o surgimento de tumores.

O tabagismo é, sem dúvida, o fator de agressão e risco mais comum para o desenvolvimento do câncer de bexiga, estando presente em até 65% dos casos. Este risco aumenta com o número de cigarros consumidos, duração do tabagismo e grau de inalação.

Além disso, a exposição ocupacional e frequente a substâncias químicas, como as aminas aromáticas e anilinas, constitui outro fator de risco importante. Esse fato é comumente observado em trabalhadores da indústria química.

Entre os fatores de risco estão:

  • Tabagismo;
  • Idade avançada;
  • Infecções de bexiga causadas por parasitas;
  • Inflamações crônicas na bexiga;
  • Histórico familiar;
  • Derivados Aromáticos – Indústrias Têxtil, Borracha, Couro, Combustíveis;
  • Radiação, entre outros.

As maiores incidências do câncer de bexiga acontecem em caucasianos e em homens acima dos 40 anos.

Tipos de Tumores da Bexiga

Grande parte dos cânceres de bexiga tem início nas células que revestem a bexiga internamente. Os carcinomas do urotélio da bexiga são atualmente classificados em 2 grupos com comportamentos diferentes.

Os tipos de cânceres de bexiga são:

  • 1. Tumores superficiais (que não invadem o músculo da parede da bexiga, denominado detrusor);
  • 2. Tumores profundos ou invasivos (músculo-invasivos), ainda limitados à bexiga.

Os tumores invasivos podem ultrapassar os limites da bexiga e, por invasão local, estenderem-se aos orgãos adjacentes à bexiga. Podem disseminar-se para gânglios linfáticos ou tornar-se metastáticos, com lesões noutros orgãos, distantes da bexiga.

Sintomas do Câncer de Bexiga

O sintoma mais comum do câncer de bexiga é a presença de sangramento indolor pela urina, também denominado hematúria imotivada e indolor. Ou seja, quando o sangue está na urina mas não tem nenhum motivo, não tem trauma e não é acompanhado de dor. Portanto, a presença de sangue na urina é um sinal de alerta e não deve ser ignorado.

Porém, somente a presença de hematúria em si não confirma a presença de câncer de bexiga. Pois esse sintoma também está relacionado com cálculos ou infecção urinaria.

Outros sintomas que podem sugerir que é preciso consultar um urologista são:

  • Micção frequente, maior que a habitual;
  • Sensação de dor ou queimação ao urinar;
  • Urgência em urinar, mesmo quando a bexiga não está cheia;
  • Dificuldade para urinar ou fluxo de urina fraco;
  • Dificuldade em segurar a urina (incontinência);
  • Disfunção eréctil;
  • Fadiga excessiva;
  • Perda de peso.

Os doentes podem apresentar apenas estes sintomas, sem que a hematúria seja detectada, principalmente se não for visível a olho nu (pode ser apenas detectada em análises).

O urologista fará uma anamnése completa e colherá dados para corroborar com sua suspeita. Exames laboratoriais e de imagem também serão solicitados para que o diagnóstico possa ser fechado e o tratamento iniciado imediatamente.

Diagnóstico do Câncer de Bexiga

Quando existe a suspeita de câncer na bexiga, devem ser avaliados os sintomas ou sinais da presença desta patologia. Os exames complementares são no entanto essenciais para o diagnóstico, quer para confirmar a presença de tumores neste órgão, quer para avaliar o estadiamento dos mesmos.

O diagnostico deve iniciar com uma avaliação medica completa com perguntas sobre a historia de exposição a fatores de risco como o tabagismo ativo ou passivo e a exposição a agentes químicos. Como a hematuria pode ter origem em qualquer parte do trato urinário o medico freqüentemente solicitara exames de imagem para visualização de rins, ureteres e bexiga com ecografia ou tomografia.

O exame de imagem inicial a ser realizado é a ultrassonografia, com alta capacidade de visualizar tumores de bexiga superiores a 0,5 cm (além de excluir câncer de rim). Entretanto, o diagnóstico definitivo dessas neoplasias é realizado por meio de avaliação endoscópica.

Se há um tumor nos exames ou persiste a dúvida, o urologista poderá realizar uma cistoscopia, um tipo de endoscopia que permite visualizar o interior da bexiga por uma câmera introduzida pela uretra. Durante esse procedimento também pode ser realizada a retirada de fragmentos do órgão para encaminhar à biópsia.

Entenda mais detalhes sobre os estes exames:

  • Ultrassonografia: O ultrassom abdominal e pélvico apresenta alta sensibilidade em tumores maiores que 0,5 cm, sendo de utilidade pelo baixo custo e não ser invasivo, além de avaliar a bexiga e o trato urinário superior, onde podem se encontrar tumores em 10% dos casos de carcinomas indiferenciados. A tomografia e a ressonância podem ser usados, mas são mais úteis no estadiamento que no diagnóstico do tumor de bexiga.
  • Cistoscopia: O exame endoscópico da bexiga é o método padrão de diagnóstico e acompanhamento, mas pode não detectar tumores pequenos em até 25% dos casos, principalmente o carcinoma in situ, que é uma lesão hiperemiada, plana, de alto grau de agressividade.
  • Citologia Urinária: Empregada no diagnóstico e acompanhamento destes tumores após a terapia inicial. Tem alta sensibilidade em tumores agressivos e baixa em tumores de baixo grau (35%), tendo alta especificidade (94%). Na citologia positiva é muito alta a existência de tumor urotelial, mesmo com cistoscopia normal.
  • Ressecção Transuretral do Tumor: O diagnóstico definitivo é realizado através da cirurgia endoscópica pela uretra (RTU), mostrando pelo anátomo-patológico se o tumor é superficial ou infiltrativo.

Tratamentos para o Câncer de Bexiga

O tratamento varia de acordo com a dimensão, o volume e a agressividade do tumor. Em alguns casos de câncer da bexiga, podem ser necessários tratamentos como a quimioterapia, a radioterapia ou terapias paliativas. O tratamento mais frequente, o mais eficaz e utilizado, no entanto, é a cirurgia.

A cirurgia tem duas variantes, a cirurgia endoscópica para tumores superficiais e a cirurgia laparoscópica ou aberta para tumores mais agressivos (a cirurgia laparoscópica cada vez mais substitui a clássica cirurgia aberta). Ambas as técnicas cirúrgicas são minimamente invasivas, o que diminui o tempo de internação, as complicações pós-operatórias e o tempo de recuperação do paciente.

  • A cirurgia endoscópica é efetuada em tumores superficiais, é muito menos agressiva e melhor tolerada. A vantagem desta cirurgia é que, praticamente, não causa complicações.
  • A cirurgia laparoscópica (ou a aberta) é indicada para tumores invasivos, pelo que é muito mais agressiva e radical, muito mais “mutilante”, pois implica a remoção da bexiga.

Portanto, conforme a história clínica e o resultado anatomopatológico, se não confirmada a invasão do músculo da bexiga,  o paciente é considerado portador de doença não-músculo invasiva. Sendo assim, poderá receber tratamento intravesical, com quimioterápico ou imunoterápico (BCG liofilizado).

Em todos os casos, após a cirurgia, será necessário um acompanhamento rigoroso para identificar possíveis complicações ou tomar medidas preventivas para que a reincidência não aconteça.

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